Construído em 1934, essa joia em forma de hotel de luxo está situada na primeira rua do Brasil, no Centro Histórico de Salvador.
Originalmente chamado de Palace Hotel, o imponente edifício de oito andares, construído em uma esquina “pontuda” triangular, foi inspirado na arquitetura do Flatiron Building, o marco histórico de Nova York, EUA.
Pelo lobby já passaram personalidades como Carmem Miranda, Grande Otelo, Pablo Neruda e Orson Welles. O cassino no primeiro andar foi um dos cenários da obra Dona Flor e Seus Dois Maridos, de Jorge Amado. Em outras palavras, esse era o local do momento da capital baiana.
Porém, desde o final dos anos 80, o hotel estava em declínio, eventualmente fechando suas portas até a empresa Fera Investimentos assumir a gestão e propor restaurar a tradição e sofisticação dos seus dias de ouro na década de 1930.
O arquiteto Adam Kurdahl, do escritório Spol Architects, assinou o projeto que realça as características marcantes do edifício, preservando a autenticidade e originalidade do imóvel.
Importante pontuar que a fachada do hotel, composta por 230 adornos externos originais e 640 janelas de madeira maciça, é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Na reforma, foi essencial garantir que o interior do hotel mesclasse o Art Déco com aspectos baianos. Logo, na recepção, o hóspede se depara com o piso em mosaico preto e branco, imponentes lustres e impressionantes esculturas da artista plástica baiana Nádia Taquary.
Suas peças são feitas com uma mistura de madeira, búzios, palhas, miçangas, pastilhas de coco, ouro, prata, conta e figas, exaltando a religiosidade afro-baiana, parte essencial da identidade de Salvador. Sua obra “Nós”, exposta no lobby, remete a uma lembrança que a artista tem de sua mãe, quando se hospedaram no Palace, há anos atrás.
O armário de correspondência do hotel, atrás do balcão da recepção, permanece o mesmo, como uma homenagem à história do lugar.
O balcão do lobby bar foi decorado com pastilhas estilo anos 30 e tampo em latão envelhecido e a adega de 4 metros de altura tem capacidade para mais de 1.000 rótulos variados.
O restaurante do hotel, Omí, tem conceito assinado pela premiada dupla de chefs baianos Fabrício Lemos e Lisiane Arouca. Com origem do vocabulário yorubá, a palavra Omí significa “água” e remete ao sentido de fecundidade, geração da vida. Grande parte dos insumos que dão vida aos pratos do Omí têm origem na própria Baía de Todos-os-Santos, trazendo o frescor dos alimentos direto para a mesa.
Os andares e 81 quartos dispõem de designs distintos, com composições de móveis e cores diferenciadas, criando ambientes diversificados. Os pisos originais de taco de madeira e mármore foram recuperados, e os elementos como louças, metais e luminárias tem todo o charme e inspiração do estilo da época.
Os quartos ainda contam com uma paleta de cores claras pasteis e ganharam móveis feitos a partir de materiais regionais – como o linho nas cortinas, sisal nos tapetes e algodão para o enxoval.
Dezenas de fotos retratando a vida e a cultura baiana, pelo fotógrafo baiano Akira Cravo, no restaurante, corredores e apartamentos, inserem o hotel mais uma vez na cultura local.
“O Fera sempre mantém um diálogo próximo com a identidade da Bahia e não poderia ser diferente. Nosso propósito é valorizar ainda mais a cultura baiana e mostrar excelência no que oferecemos, algo que sempre esteve entre os propósitos de cada projeto que pensamos para o edifício”, comentou o CEO da Fera Hotéis, Antonio Mazzafera.
A cobertura oferece uma vista deslumbrante sobre a Baía de Todos os Santos. O Fera Lounge é o espaço perfeito para relaxar e desfrutar drinks e petiscos ao lado da piscina com borda infinita de 25 metros de comprimento, revestida em cerâmica esmaltada produzida artesanalmente.
À noite, os hóspedes podem desfrutar de um espetacular jantar ao pôr do sol no Restaurante Fera Rooftop, comandado pelos Chefs Fabrício Lemos e Lisiane Arouca, do Grupo Origem.
Em 2023, o Fera Palace se tornou o primeiro hotel membro da Historic Hotels, a prestigiosa coleção de mais de 360 propriedades históricas ao redor do mundo, acompanhado por outros ícones globais como Le Royal Monceau em Paris e The Hollywood Roosevelt em Los Angeles.
“O Fera não é apenas um local de hospedagem, é um ambiente onde os visitantes mergulham na história do Brasil e da Bahia”, finalizou Antonio Mazzafera.
O hotel renasceu em 2017 e, este ano, comemora seu 90º aniversário.
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