Pesquisadores apontam que em 2050 os oceanos terão mais plástico do que peixes se não mudarmos nossos hábitos de consumo e descarte. Pensando no futuro, não tão distante assim, Sam Jacob propõe uma releitura de uma famosa estampa têxtil de Eames, durante o Festival de Design de Londres.
A instalação Sea Things – coisas do mar, em tradução livre – faz uma reflexão sobre a ameaça do lixo no ambiente marinho, de forma lúdica e artística. O arquiteto usou imagens digitais, através dos gráficos de movimento, para criar uma animação no estilo de cartoon.
A instalação está suspensa sob a cabeça dos visitantes, no Museu Victoria and Albert, em Londres. A obra tem o formato de uma caixa e lembra uma espécie de aquário.
A obra apresenta formas de peixes e criaturas do mar, criadas por Charles and Ray Eames, em um dos têxteis achados na coleção do V&A. Jacob usou o formato original, mas acrescentou resíduos que podem ser encontrados nos mares, como garrafas plásticas.
A animação atua como uma linha do tempo e começa em 1907, ano em que o Baquelite – o primeiro produto plástico comercializado – foi inventado. A obra acaba em 2050, ano que a Fundação Ellen MacArthur prevê que o número de plásticos será maior que o de peixes nos oceanos.
“Os Eames trabalhavam em uma época muito otimista, onde o consumismo era algo relacionado a liberdade. Hoje em dia, trabalhamos em um contexto totalmente diferente. Nossa relação com a produção e a sustentabilidade é muito mais difícil e complexa. Por isso, recriamos o padrão Eames, a partir da perspectiva de mundo em 2019”, conta Jacob no tour guiado.
A animação, reproduzida dentro do cubo de quatro metros, tem espelhos nas bordas, que criam a impressão de um panorama Um dos objetivos da obra é encorajar as pessoas a pensarem com mais cuidado sobre o consumo de produtos plásticos, e talvez mudar isso no futuro.
A instalação ainda continua no andar de cima, local dedicado às cerâmicas, onde o arquiteto apresenta uma série com oito reservatórios de água, feito em novos materiais. Desta coleção, sete peças são uma reprodução de objetos já existentes no museu.
Jacob usa plástico reciclado, bioplástico e até mesmo a própria cerâmica para recriar as peças. A oitava peça, feita em cerâmica, é uma releitura das garrafas plásticas e propõe uma reflexão: “o que faremos daqui para frente?”
Sea Things é uma das instalações que compõe o Festival de Design de Londres, que ocorre entre os dias 14 e 22 de setembro. Outros famosos arquitetos, como Kengo Luma e Studio Micat, também assinam instalações pela cidade.