É possível construir casas de 50 m2 em menos de uma semana. As duas casas modelo em exposição na 20ª edição da Feicon – Casa Cerâmica e Casa Modular – dispensam o concreto e mostram como sistemas construtivos alternativos podem otimizar o tempo e o custo da obra.
A Casa Cerâmica desta edição, uma iniciativa do Sindicato da Indústria da Cerâmica para Construção do Estado de São Paulo (Sindicercon-SP), tem 54 m2 e é toda feita de blocos cerâmicos. As paredes foram erguidas em apenas seis horas e meia graças aos novos blocos utilizados pela empresa Tecno Logys, que participa do projeto pela segunda vez. Eles são mais estreitos e compridos que os tradicionais (11,5 cm x 39 cm) e, com isso, a quantidade de peças por m2 foi reduzida de 16 para 12, agilizando a construção. “Assim, mostramos que uma casa pequena, popular, pode ser construída de forma mais racional, não precisa usar um bloco do tamanho do tradicional”, explica Valério Dornelles, diretor da Tecno Logys. No total, foram necessários apenas cinco dias para deixar a casa pronta.
Construção modular com cerâmica
Ao final da obra, não houve sobras, pois a empresa trabalha com o conceito de alvenaria integrada. “Vendemos o m2 de parede pronta. Somos uma ‘fábrica de paredes’”, diz Dornelles. A empresa atua desde o projeto até a construção com blocos cerâmicos modulares que já embutem todo o encanamento e a fiação da casa. Assim, consegue quantificar a necessidade exata de material, dá fim àquela fase de rasgar as paredes para fazer a instalação dos sistemas elétrico e hidráulico e evita desperdício de tempo e de material.
O telhado também é diferenciado: sua estrutura substitui a madeira por vigas de aço galvanizado e acabamento nas laterais de material cimentício. “O resultado é uma cobertura 7 kg mais leve por m2 e 24% mais econômica”, diz Paulo Manzini, consultor do projeto.
A escolha pela cerâmica é defendida por tratar-se de um material que oferece melhor isolamento térmico e acústico que o concreto, pode até ficar exposto nas paredes e permite assentar revestimentos e aplicar texturas sem a necessidade de reboco. A Casa Cerâmica tem apoio técnico do SESI e do SENAI, integrantes do Sistema FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), à qual o Sindicercon-SP é filiado.
A Casa Modular, da empresa catarinense Fischer, fica de pé e acabada em ainda menos tempo: quatro dias. Nela, não vai nem concreto nem cerâmica. As paredes são, na verdade, painéis de aço galvalume recheados de poliuretano, que faz com que a estrutura seja ao mesmo tempo leve e resistente. Além disso, oferece conforto térmico e acústico. No ano passado, a Fischer apresentou na Feicon a planta de 39,41 m2 da Casa Modular, aprovada pelo programa Minha Casa Minha Vida, que financia construções populares. Este ano, ela voltou com uma casa de 56 m2 mais varanda com churrasqueira e garagem, totalizando 84,5 m2. A única alvenaria do projeto está na fundação.
Casa Playmobil
De fato, a casa da Fischer lembra as miniaturas de vida real tipo Playmobil, já que não existem blocos e ela é fácil de montar. Os painéis vão do chão ao teto, com emendas horizontais, já vêm pintados de fábrica nas cores branco ou areia e são fáceis de limpar. O grande ganho de tempo e dinheiro deste tipo de projeto está na mão de obra. Não é necessário contratar pedreiros para erguer a casa e os sistemas elétrico e hidráulico já vêm embutidos. O único trabalho extra está na fundação – que é, na verdade, bem simples, garante o fabricante, pois o peso da casa é reduzido – e na colocação do piso, que não está incluso no kit.
Por enquanto, a Fischer dispõe de três opções de planta. A casa original, de 39,41 m2, tem dois quartos, banheiro, sala e cozinha integrados, e hall. O segundo modelo, lançado na Feicon 2012, de 56 m2, tem como diferencial a suíte. E há ainda a planta de 70 m2, com dois quartos, uma suíte, cozinha com área de serviço e sala independente. A Fischer pretende lançar, futuramente, um prédio de quatro andares usando a sua tecnologia de construção modulada.