A condição precária dos revestimentos, a falta de iluminação e o excesso de umidade indicavam a urgência de ampla reforma na morada de 127 m², localizada no bairro de Perdizes, em São Paulo. Confiando total liberdade aos arquitetos, os novos proprietários viram restar do imóvel original apenas as paredes laterais e alguns materiais da demolição que foram reaproveitados.“A ideia era manter ao menos a cobertura, mas o telhado também estava comprometido e precisou ser refeito”, conta Guilherme Ortenblad, do escritório Zoom Arquitetura, que assina a obra com Fernão Morato e Augusto Aneas. Três lajes de concreto pré-moldadas – a do piso, no térreo; a que sustenta o primeiro andar; e a do último pavimento – reorganizaram os espaços. Para conectar os níveis, instalaram-se quatro escadas (sendo duas externas). A proposta pode soar exagerada para uma área tão pequena, porém desempenhou papel fundamental na estratégia de melhorar a circulação entre os ambientes. Do térreo, dois caminhos ao ar livre (um na frente e outro nos fundos) e um interno levam aos quartos. Ao mesmo tempo, novas aberturas colaboraram para melhorar as entradas de ar e luz. Confira as soluções:
O miolo da casa mudou inteiro
Segundo o arquiteto Guilherme Ortenblad, o objetivo de explorar ao máximo a iluminação natural guiou o projeto. Conheça as principais ideias no raio X da construção
Estrutura
Apoiou-se o esqueleto de concreto sobre os alicerces originais. No térreo, o peso se distribui entre oito pilares (17 cm). Os quatro centrais sobem até o pavimento intermediário e sustentam caixa-d’água, banheiro e varanda externa. Para não sobrecarregar a estrutura, um deck compõe o piso de parte do último andar.
Portas e janelas.
As esquadrias empregam madeira de demolição. Algumas portas, de pinho-de-riga, foram adquiridas de obras em processo de quebra-quebra. As novas são de peroba-rosa ou cumaru.
Luz natural
Além dos benefícios das aberturas recém-criadas nas fachadas, outra forma de explorar a claridade está nas faixas de telhas de vidro em dois pontos da cobertura: acima da escada e do banheiro. neste ambiente, um trecho envidraçado no piso também deixa a luminosidade chegar à sala e à cozinha.
Deck
O assoalho dos antigos quartos foi reaproveitado no deck de 15,75 m². Removeram-se os encaixes originais para espaçar as tábuas, o que permite a passagem da luz.
Escadas
No térreo, as áreas externas (frente e fundo) recebem o tipo santos-dumont, de ferro (1 e 2). Da sala, parte um conjunto de madeira (3). Saindo do deck, um corredor abriga a quarta escada (4), feita de chapa metálica perfurada, que leva ao andar mais alto (veja planta). Em comum, todas têm estrutura vazada para deixar a claridade entrar.
Pisos
Eleito para a sala e a varanda do último andar, o cimento queimado (Ladrilar) lança mão de juntas a cada 1 m a fim de evitar trincas e rachaduras. Nos quartos, o chão se cobre de pintura epóxi, e parte do mezanino também reutiliza o assoalho dos antigos dormitórios.
Acabamentos
Na cozinha e no banheiro, as paredes exibem ladrilhos hidráulicos de 20 x 20 cm (Ladrilar). Do lado de fora, os tijolos, depois de descascados, receberam uma camada de impermeabilizante (Acqüella, da Vedacit). Dentro, ganharam acabamento com nata de cimento branco.