A arquiteta Fabiana Cyon realizou o projeto deste apartamento de 220 m², em parceria com a arquiteta Ana Paula de Castro, para uma família de quem já havia sido vizinha. “Conheci o casal através do meu marido, que foi colega de faculdade do Marcelo. Em 2015, nos mudamos. Por coincidência do destino, um ano depois soubemos de um apartamento que havia vagado no nosso prédio e que eles estavam querendo se mudar. Viramos vizinhos de novo!”, revela a arquiteta.
A reforma conserva alguns elementos originais do imóvel construído na década de 1950, como as portas originais e seus metais em latão. Já as principais mudanças foram na cozinha, ampliada para ganhar uma copa e reunir a família no preparo das refeições, e nos quartos – originalmente eram dois, nenhum deles com banheiro privativo. Agora, o apartamento dispõe de três suítes com banheira.
“A principal premissa do projeto foi atender às demandas e necessidades desses clientes tão próximos e queridos. A começar pela sala, onde eles desejavam muito espaço para os livros. Como modificamos a planta para aumentar a cozinha, a sala ficou com formato retangular”, descreve Fabiana.
“Desenhamos uma marcenaria que ocupa toda a parede oposta às janelas – mais do que acomodar livros e objetos, essa estante concentra algumas funções, como hall de entrada, nicho para a TV e janela passa-prato conectada à cozinha, além de emoldurar o acesso à área íntima”, acrescenta ela.
As cores da marcenaria, inclusive, são um elemento marcante em todo o apartamento, indicando diferentes usos: verde para estantes e armários de uso comum, azul na cozinha e tons mais neutros, como madeira e branco, nos quartos.
A transformação do imóvel, para contar com três suítes, trouxe ainda algumas surpresas. Entre elas, ao alterar o acesso ao quarto do casal, apareceu na demolição a tubulação de águas pluviais do edifício. “Decidimos deixá-la aparente e pintar o cano com um vermelho mais intenso e fechado. Os clientes toparam a sugestão e o resultado ficou muito charmoso”, conta Ana Paula.
No hall íntimo, um armário verde usado como roupeiro dispõe de bastante espaço, desdobrando-se em uma bancada para um segundo home office. O primeiro escritório é usado também como quarto de hóspedes, para receber os familiares de fora do Rio.
Quanto ao mobiliário, a maior parte já pertencia aos moradores. As peças novas, que compuseram com o acervo existente, são o sofá em lona e as cadeiras da mesa de jantar. “A Tereza já tinha peças muito bonitas do Zanine Caldas, um sofá muito simpático dos anos 60 e uma coleção de bancos de madeira rústicos e antigos. Outros elementos importantes e cheios de personalidade que foram adicionados são o buffet da sala e o louceiro da cozinha, executados em peroba de demolição pelo designer e marceneiro Kim Courbet”, lista Fabiana.
Para a dupla, a mistura de referências, cores e soluções diferenciadas resultou em um lar autêntico e recheado de memórias afetivas. “A ideia deste e dos nossos projetos em geral é que o resultado seja de casa vivida. Uma casa que possa refletir a personalidade de quem a habita”, conclui Fabiana.