“Desde a infância, frequento a Barra do Sahy. Vinha com meus amigos, filhos do pintor Clóvis Graciano [1907-1988], que possuía residência e ateliê aqui. Essa praia sempre foi meu destino de férias, mesmo quando morei no Rio de Janeiro. Por motivos de trabalho, no começo dos anos 80, tive de voltar a viver em São Paulo, mas, para isso, impus a mim mesmo a seguinte condição: comprar uma casa naquele lugar que me trazia tantas recordações. Por coincidência, um dos filhos do Clóvis tinha planos parecidos. Então, saímos em busca dos terrenos. Encontramos dois, com uma casinha em cada um, cuja dona queria vender juntos. Em 1981, a propriedade que comprei era uma vendinha de caiçara. A luz vinha do lampião, e a geladeira funcionava a querosene. Telefone, nem pensar. Havia somente sala, dois quartos, cozinha e banheiro. A primeira alteração que fiz foi reformar o telhado, já que, quando chovia e ventava, inundava tudo. Para manter o estilo original das telhas, encomendei os modelos no interior de São Paulo. A meu ver, elas fazem parte do charme da construção. O assoalho da sala foi tratado, e preservei as janelas e esquadrias colocadas pela antiga proprietária. A necessidade de mais espaço veio com a chegada das crianças. Daí ergui o pavilhão anexo com as características genuínas da morada principal. Atualmente, o local conta com quatro suítes, churrasqueira e varanda no térreo e nossa suíte e o ateliê no superior. Minha união com a Cecilia em 1996 trouxe grande parte das mudanças, como a ampliação da cozinha. Arquiteta, ela não vê problema em obra. Além disso, plantamos juntos a maioria das árvores. A última reestruturação foi a criação da ampla sala de jantar para receber a família inteira. Afinal, somando os meus e os dela, são sete filhos e dez netos no total. Hoje, transitamos entre São Paulo e Barra do Sahy, mas preferimos ficar a maior parte do tempo aqui.” Eduardo, Morador
As boas ideias deste projeto:
– Piso original: como a proposta era preservar o que a casa tinha de melhor, o assoalho de canela foi mantido e tratado
– Mais convívio: demolido, um dos quartos que havia na estrutura inicial deu lugar a esta pequena sala de jantar (a grande se vê ao fundo)
– Ala Nova: o lugar criado especialmente para receber a família toda é uma espécie de varanda fechada com portas-camarão
– Matizes vibrantes: as tonalidades que colorem elementos como as tesouras, os batentes e a moldura das janelas lembram o estilo das residências coloniais de Paraty, RJ.
Sítio no litoral
Da lojinha de caiçara resta apenas a estrutura principal. Com a criação da nova ala, a fachada cresceu, mas manteve o estilo do telhado, das janelas e das portas-camarão.