Mesmo um terreno que aparentemente parece perfeito pode guardar seus senões. Mas isso não atrapalhou o arquiteto paulista Gui Mattos, que, acostumado a trabalhar no litoral f luminense, sabia como pensar a implantação desta casa numa praia próxima a Paraty, RJ. Naquele pedaço da costa, a face privilegiada pela vista do mar recebe ventos frios e pouca luz, revela. Por isso, embora não pudessem faltar vidros para contemplar as ondas, era no lado oposto que estava a claridade. Gui traçou uma planta quase inteiramente térrea, de maneira a evitar obstáculos à passagem do sol, e abriu a construção também para a rua do condomínio. Assim, a luz natural entra pela fachada da frente e consegue alcançar todos os cômodos, inclusive os quartos da família, únicos que compõem um segundo andar, explica. Resolvida a insolação, surgiu outro pedido: manter intocado o chapéu-de-sol existente no lote. O que poderia ser um problema revelou-se um trunfo graças à sombra fornecida pela copa da árvore, o recanto gourmet e parte do deck junto à piscina ficaram ainda mais fresquinhos.
Moradores de São Paulo, o casal e os três filhos adolescentes também conheciam bem a região. Possuíamos outra casa no condomínio, mas distante da praia. Quando vimos este terreno à venda, ficamos encantados com sua localização, diz a proprietária. No lote havia uma construção, demolida para dar lugar a esta além de deteriorados pelos anos de uso, os espaços pequenos e compartimentados não atendiam às demandas da família. Já os ambientes atuais… Além da vista espetacular, eles nos oferecem uma rotina de esporte e diversão. Vimos para cá pelo menos uma vez por mês, revela a dona. Prática, ela contratou uma controladoria (o escritório paulistano Control Tec) para checar orçamentos e pagamentos durante os dois anos e meio da empreitada.
Gilberto Elkis, que assina o projeto paisagístico, explica que cuidados exige uma árvore abraçada pela construção
Em situações como a desta casa projetada pelo arquiteto paulista Gui Mattos, nas quais uma árvore existente no terreno é abraçada pela construção, o maior cuidado deve ser com a poda. Observe também se a espécie existente não tem raízes que possam prejudicar as fundações. As dicas abaixo vieram de Gilberto Elkis, autor do projeto paisagístico, e de Henrique Pestana, engenheiro agrônomo de sua equipe
1. Antes de bater o martelo sobre manter ou não a árvore onde está, pesquise sobre ela – espécies como Ficus benjamina (e outras do gênero Ficus) têm raízes evasivas e agressivas, capazes de modificar o terreno à sua volta e danificar a construção. Evite também figueiras e flamboaiãs.
2. Ipê, jasmim-manga, resedá, quaresmeira, manacá, pau-brasil, acerola e pitanga são exemplos de espécies com raízes pouco invasivas.
3. O plantio de frutíferas de grande porte próximo a telhados não é recomendado. Mas se for esse o caso da árvore que você quer manter, colha os frutos sempre antes que amadureçam, a fim de evitar sua queda sobre a cobertura da casa. Vale também providenciar uma poda de condução e formação, para remover ou pelo menos reduzir os galhos sobre o telhado e conduzir os novos ramos a outras direções.
4. Pensando na limpeza da área ao redor do tronco? Saiba que é mais fácil juntar folhas grandes do que miúdas, difíceis de rastelar. Preste atenção também à quantidade de folhas que as árvores soltam. Espécies como plumeria ou eritrina as possuem em pouca quantidade e permanecem boa parte do tempo com os galhos nus (plantas caducas).
5. O procedimento para realizar a poda de uma árvore envolvida pela casa segue o padrão de uma espécie afastada da construção, porém evitando que galhos pesados caiam sobre o telhado. Para isso, é necessário prendê-los com corda ou equipamento do gênero antes do corte. Certifique-se de que a empresa ou profissional responsável pelo serviço tomará as devidas precauções.