Esta casa de aproximadamente de 370 m² foi implantada às margens de um rio. O escritório Daniel Fromer & Arquitetos criou uma construção perfeitamente integrada à natureza ao redor para atender ao pedido dos clientes: ter uma casa completamente inserida no povoado local, da cidade de Santa Cruz Cabrália, na Bahia.
O terreno permitiu que os arquitetos criassem um programa descontruído – uma casa distribuída em três blocos que comportam as funções sociais, íntimas e de serviço.
O volume principal, voltado à praia pluvial, comporta a suíte principal e um salão integrado às varandas e à cozinha aberta. O segundo bloco se assemelha a uma cabana, abrigando duas suítes e uma saleta para hóspedes. Já o terceiro conta com a lavanderia, um depósito e uma oficina, onde o proprietário se dedica a trabalhos manuais.
A inexistência de uma porta de entrada ou hall faz com que o acesso à residência aconteça a partir de um bloco social transparente, com uma vista para o rio ao fundo.
A insolação e as diferentes cheias e vazões do rio que margeia o amplo terreno da casa criam diferentes cenários a cada momento do dia.
Sustentabilidade
A sustentabilidade social e ambiental está no centro do projeto, presente desde a concepção, como o posicionamento da casa no meio da vila e os afastamentos do rio, até os materiais de demolição e de reuso que foram amplamente utilizados. A mão de obra também é local, com a equipe dos arquitetos sempre atenta ao cuidado com esses profissionais.
Os materiais foram escolhidos com base nas construções tradicionais do local. Dentre eles destacam-se alvenaria branca nas paredes, cimento queimado no piso, peroba-rosa no forro e telhas cerâmicas de demolição, além da cobertura de taubilha – um recurso típico da região.
Na fachada, foram criados muxarabis, peça de origem árabe, em formato de treliça de madeira, que permitem a entrada de iluminação e ventilação natural nos ambientes internos. Para este projeto, o elemento foi feito sob medida, e seu desenho lembra as estruturas existentes na fazenda da família do morador, resgatando seu passado afetivo.
Na área externa, uma escultura feita pelo artista José Resende tem como matéria-prima as hastes de cobre que sobraram do aterramento da casa e os tocos de peroba remanescentes da obra do telhado.
No interior, a decoração foi idealizada pelos moradores, revelando suas vivências e memórias, uma vez que móveis contemporâneos e peças produzidas por marceneiros locais e de municípios próximos, se complementam aos mobiliários herdados da família.