Cozinhas: integrar ou não?
A arquiteta Cristiane Schivaoni dá algumas dicas para não errar na hora de elaborar o seu projeto
Faz um tempo que as cozinhas integradas se tornaram uma tendência nos projetos de arquitetura e decoração. Seja na internet, nas páginas de revista ou nos programas de televisão, o fato é que elas são uma verdadeira sensação. E não é para menos: o layout valoriza um ambiente que, por muito tempo, não recebeu a devida atenção.
A integração traz consigo a possibilidade de todos os moradores compartilharem as refeições juntos na bancada, como também abre mais fluidez ou para resolver questões como apartamentos mais compactos. É uma escolha que se adequa aos mais diferentes perfis de moradores, suas predileções e modo de vida.
“Todos esses fatores despertam o desejo de conviver dentro desse formato. Mas sempre argumento que a decisão não deve acontecer sem uma análise prévia sobre o que precisa ser considerado para realizar (ou não) a integração”, analisa a arquiteta Cristiane Schiavoni, à frente do escritório que leva seu nome.
Para contribuir com aqueles que agora passam por essa hesitação, ela relaciona algumas reflexões que ajudam a tomar uma decisão pautada nas características que serão benéficas para o dia a dia do imóvel. Confira:
O ponto de partida
A integração dos cômodos implica em abrir o leque para as interações sociais que acontecem entre as pessoas que habitam a casa, como também por aqueles que os visitam.
Segundo Cristiane, o ponto inicial está ligado com esse anseio de tornar a cozinha um novo espaço de convivência, aos moldes do que fazíamos na sala de estar.
“Gosto sempre de ressaltar para meus clientes que não existe um certo ou errado nessa escolha. A vontade compartilhada por eles é considerada de acordo com o estudo de viabilidade que realizamos para o projeto”, detalha.
Cozinhas integradas
Uma cozinha aberta, porém, vem acompanhada por outras questões que precisam ser resolvidas, como a inconveniente a emissão de odores e gorduras que acontecem durante a cocção.
Para não fazer feio com os móveis e itens decorativos das salas de jantar e estar, coifas e depuradores são capazes para efetuar, com eficiência, a sucção dos cheiros que podem se espalhar por toda casa.
No que diz respeito ao décor, o olhar preciso do profissional de arquitetura é fundamental. Nessa conexão entre a cozinha com a sala de estar/jantar, a composição do mobiliários, como dos acabamentos, precisam passar a ideia de fluidez e continuidade.
“E nessa lista eu também incluo os eletrodomésticos, que formam o visual completo do cômodo”, menciona Cristiane.
Passando para iluminação, o equilíbrio deve reinar nas definições. Ao passo que a intenção também seja de proporcionar um ambiente mais intimista aos visitantes, a luz perfeita para os trabalhos não pode deixar de marcar presença.
“Uma saída que gosto muito é optar por duas propostas específicas e complementares. Acima da bancada da ilha, a instalação de pendentes é muito bem-vindo”, orienta a arquiteta.
Para muitos, a atmosfera de um ambiente gourmet é alcançada com as ilhas de cozinha, que geralmente delimitam o final do ambiente e o início do próximo.
Em um espaço previsto para a possível instalação da pia e cooktop – para tanto, o projeto deve prever o reposicionamento dessa infraestrutura –, as banquetas tornam-se as poltronas que acolhem moradores e convidados.
“Sem contar que a parte interna dela é perfeita para ocultar o que não necessariamente precisa estar visível para todos”, relata a profissional.
Polivalência
Entre as tantas perspectivas para a realização de uma cozinha integrada, Cristiane também considera a rotina da casa.
“Para aqueles que usam diariamente o ambiente e que precisam ficar atentos à movimentação do filhos, essa proximidade traz tranquilidade ao pais e mães que realizam mais de um atividade simultaneamente. Sei muito bem como é isso”.
Cozinhas não integradas
Por outro lado, os moradores podem não ter o costume de abrir a cozinha para acolher os convidados, não sentirem a necessidade de interagir enquanto preparam as refeições ou mesmo de não ter o hábito frequente de realizar refeições em casa.
Esses são alguns do motivos que fazem da cozinha separada da área social a melhor opção. O segredo da funcionalidade, além de ter em mente as necessidades do morador, é pensar em possibilidades.
Quando o proprietário do imóvel expressa a vontade de ter uma área mais técnica, para deixar as louças para o dia seguinte, por exemplo, a cozinha separada é a resposta. E por não necessitar de tanto espaço, ela salienta a viabilidade de diminuir o ambiente para ampliar a sala de estar.
Integração parcial
Mas e quando a saída certa não é a integração ou a separação completa? A arquiteta ainda elenca a perspectiva de uma conexão parcial, que pode ligar apenas um cômodo, ou de inserir duas integrações independentes, quando a planta baixa permite.