Canção de ninar é transformada em tapete para living sustentável da CASACOR SP
O ambiente do BMA Studio para a CASACOR São Paulo destaca a herança cultural brasileira, junto à inovação.
“Acalanto e Encontros”, assinado pelo arquiteto Bruno Moraes, do BMA Studio, para a CASACOR São Paulo, é um amplo living de 59 m² com uma narrativa arquitetônica sustentável e autêntica.
Cada detalhe do ambiente valoriza as raízes que formam o Brasil, funcionando como um verdadeiro portal para a alma do país. A proposta partiu de intersecções entre história, cultura e design, convidando os visitantes a emergirem em uma experiência que transcende o tempo.
O projeto também conta com o uso de materiais reciclados, técnicas construtivas eco-friendly e práticas de design consciente.
“Procuro reconhecer as nossas origens nos detalhes e reinterpretá-las dentro de uma leitura atual, pois elas sempre estarão conosco como parte da nossa identidade. Compreendo também que a formação de nossa ancestralidade tem como base o presente que, ao mesmo tempo, nos permite vislumbrar o futuro que desejamos estabelecer”, analisa Bruno.
Pontos de tomadas foram distribuídos no espaço para que os visitantes possam carregar seus dispositivos enquanto desfrutam do aconchego e contemplação do living.
Os sofás de formatos orgânicos permitem uma circulação tranquila e os tons terrosos e off white criam um visual quente e calmo. Em uma mistura do antigo e do novo, as paredes curvas remetem à grande era do Art Nouveau, que influenciou o Modernismo e o Futurismo ao explorar formas dinâmicas e inovadoras.
Mas o que atraia os olhares neste ambiente é o teto, onde o profissional valorizou a estrutura histórica da laje nervurada do Conjunto Nacional ao adicionar uma camada extra de profundidade. Foi executado um envelopamento de gesso que acompanha a construção original, pois, devido ao tombamento do prédio pelo patrimônio histórico, não era possível pintar diretamente as estruturas.
“Assim, conseguimos aplicar a cor verde, presente em diversos elementos do projeto, sem comprometer a integridade histórica do espaço”, enfatiza o arquiteto.
No coração do “Acalantos e Encontros”, um grande tapete de 6 x 5,5 m, produzido com retalhos de diferentes tecidos, texturas, cores e formatos, impressiona pela sua aparência e história. O arquiteto conta que a tapeçaria é uma canção de ninar indígena, congelada no tempo e na arte, que evoca um legado longínquo e anterior ao descobrimento do Brasil.
A criação da peça é do próprio escritório BMA Studio, que utilizou a Inteligência Artificial e ferramentas de software para transformar o som em formas geométricas visuais, onde cada onda sonora foi isolada e depois montada em uma composição com todas elas entrepostas até formar o desenho do tapete. Em parceria com a By Kamy Verde, foi possível imprimir todas as ondulações e confeccionar a peça a partir de sobras de tapetes cortados em curvas perfeitas.
“Junto com a By Kamy, que possui um compromisso de consciência ecológica, aproveitamos diversos fragmentos de tapetes, de espessuras, densidades, tecidos e texturas diferentes que, por sua vez, foram harmonizadas em um só. Denominamos como “Acalanto”, nome que além de batizar o ambiente, foi a primeira peça pensada e responsável por conduzir as demais cores que formam a nossa paleta”, diz o profissional.
O décor apresenta um mix de gerações e estilos arquitetônicos – dos quadros com molduras do início do século XX aos móveis fabricados exclusivamente para a mostra. Sergio Rodrigues e Roberta Banqueri são alguns dos nomes presentes no espaço.
Na curadoria de arte, os quadros do fotógrafo Rogério Fernandes retratam os Jogos Mundiais Indígenas que aconteceram em Palmas – Tocantins – no ano de 2015, e as obras dos baianos Kiolo e Mário Cravo expressam autenticidade.
Outros grandes destaques estão nos móveis com nichos expositores que abrigam objetos decorativos e o bar central, executado em Blue Deep, quartzito ornamental exótico originário do Ceará.
A ancestralidade do próprio arquiteto também está presente, através de antigos rádios, câmeras fotográficas e gravadores, heranças de sua família.
“Esses objetos, carregados de significado e nostalgia que complementam a decoração do meu espaço, contam um pouco da origem da minha família até a formação de quem eu sou hoje. Com eles, quero que os visitantes reflitam sobre suas próprias histórias e conexões com o passado”, finaliza Bruno.
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